domingo, fevereiro 25, 2007





i'm in love



...por um som...

Deixo tudo assim
Não me importo em ver
a idade em mim,
ouço o que convém.
Eu gosto é do gasto

Sei do incômodo
e ela tem razão
quando vem dizer
que eu preciso sim
de todo o cuidado

E se eu fosse o primeiro a voltar
pra mudar o que eu fiz,
quem então agora eu seria?
Tanto faz
que o que não foi não é
Eu sei que ainda vou voltar...
mas eu quem será?

Deixo tudo assim,
não me acanho em ver
vaidade em mim
Eu digo o que condiz
Eu gosto é do estrago

Sei do escândalo
e eles têm razão
quando vem dizer
que eu não sei medir
nem tempo e nem medo

E se eu for o primeiro a prever
e poder desistir do que for dar errado?
Ora, se não sou eu
quem mais vai decidir
o que é bom pra mim?
Dispenso a previsão!
Ah, se o que eu sou é também
o que eu escolhi ser
aceito a condição

Vou levando assim
que o acaso é amigo
do meu coração
quando fala comigo,
quando eu sei ouvir...


'O Velho e o Moço'

...por uma dança...

super freak...the girl's a superfreak!

tururup turup turup

(can't touch her)

...por um trecho...


"Sentira-a tão perto naquela noite que ouvia o rumor da sua respiração no quarto de dormir e o pulsar da sua face na minha almofada. Só assim entendi que tivéssemos podido fazer tanto em tão pouco tempo. Lembrava-me de estar empoleirado no escabelo da biblioteca e lembrava-me dela acordada com o seu vestidinho de flores recebendo os livros para os pôr a salvo. Via-a correr de um lado para outro da casa lutando com a tempestade, encharcada com a água pelos tornozelos. Lembrava-me como preparou no dia seguinte um pequeno-almoço que nunca existiu, e pôs a mesa enquanto eu secava o chão e punha ordem no naufrágio da casa. Nunca esqueci o seu olhar sombrio enquanto tomávamos o pequeno-almoço: Porque me conheceste tão velho? Respondi-lhe a verdade: A idade não é a que temos mas a que sentimos.


(...)

O sexo é o consolo quando o amor não nos alcança"



No one gets left behind




...por uma estória.

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

À espera que me venhas buscar

Entrou em minha casa aos berros “Pega na mala! Anda! Pega na merda da mala!” e eu continuei devagar na minha ronha de domingo, o único movimento que fiz foi passar a mão na almofada e na boca para disfarçar o fio de baba que molhou as ditas e me fez perceber que afinal não era só ronha, tinha pegado no sono. Ela desapareceu dentro do quarto e eu deixei de a ver. Ouvia-a aos berros mas estavam abafados pelo corredor. “Deixa-a estar”, disse baixinho, e mudei 4 ou 5 vezes de canal e aí apercebi-me das horas. Dormi isto tudo?, pensei. Porra. Dormi mesmo…
Não faz grande diferença. Os três últimos dias foram assim. Passar da cama ao sofá, só quando o quarto já tem aquele cheiro insuportável, o cheiro da pele e do cabelo a cheirar a cigarro, e acordar com a boca peganhenta, horrível, mais um truque asqueroso só para nos relembrar da nossa animalidade. Não tomar banho. Lavar os dentes e já está. Sofá, zapping, zapping no sofá. Pacotes de bolachas e côdeas de pão, iogurtes fora do prazo, restos de comida de quem está sozinho. Perdida eu que estava a pensar nas coisas da gula e da preguiça, acordo os olhos e vejo-a a olhar para eles. “Levanta-te! Vai fazer a mala!” Rápida que nem uma estrela cadente, mas esta não caía… voava! Apeteceu-me obedecer sem porquês mas ele, o porquê, foi mais rápido que a minha vontade. Raios partam o hábito que me faz ser mais mulher do que quero. As mulheres respondem vezes e vezes sem conta não aquilo que querem responder, mas aquilo que estão habituadas a dever dizer. E assim que o meu hábito respondeu: “Porquê?” a meio já se Ouvia a contra resposta “Porque sim, porra! Porque não podes passar a vida nesse sofá. Aliás, a VIDA É QUE NÃO VAI PASSAR POR TI NESSE SOFÁ!! Há quanto tempo é que não sais de casa?” Não me dei tempo de perceber que ela estava certa e ripostei, amuada comigo própria: Ok, então se não posso estar no sofá, vou para a cama. Mas não fui. Fiz-lhe sinal com a mão para se chegar para o lado, estava a tapar-me a televisão que eu nem estava a ver. Mesmo depois do meu tique com a boca e de um "sai da frente" resmungado, ela não saiu e a mão respondeu ao impulso e começou a mudar de canal furiosa mesmo que os olhos não conseguissem achar caminho para a televisão. De repente senti um ardor na cara e só depois o barulho do estalo. Valeu-me a rapidez da minha mão que gosta mais de mim que do comando e veio logo em auxílio do ardor da minha cara. De mão na cara e de queixo no chão, olhei para ela por entre a água dos olhos e a minha expressão tentou perguntar “mas que porra foi esta?”. Ela respirava com força, o estalo que me deu tinha-lhe doído não na mão, mas no coração. Pediu-me desculpa, assustada mas mais enraivecida. E aí percebi. Puxei a manta para o lado, larguei a mão da cara e dei-a a ela mais para me segurar enquanto me levantava do que para outra coisa qualquer. Levantei-me e atravessei o corredor. Dei-me conta que a empregada tinha estado lá em casa. O chão estava escorregadio e cheiroso. Afinal estava a dormir no sofá desde ontem. E estava em casa há 6 dias.
Como ela não vinha e eu já estava quase no quarto, disse-lhe “Anda lá, vem-me ajudar fazer a mala. Leva-me para algum lado que já não aguento esta casa.”Ainda gritei um “ouviste?” mas ela não ouviu nem respondeu. Nem sequer soube que tinha dito aquilo. Espreitei e vi a porta da rua aberta… Não demorei um segundo a puxar os lençois e enfiar-me na cama.


E ainda lá estou.

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Quadrilha


João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim
que amava Lili que não amava ninguém.

João foi para o Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.

Carlos Drummond de Andrade



Bom dia dos Namorados!

sábado, fevereiro 10, 2007

preto no branco

SIM à Vida
NÃO ao Aborto

SIM à Liberdade
NÃO à Hipocrisia
Amanhã voto SIM no Referendo!
Parece-me muito claro. Como mulher, pela minha história de vida e pelas minhas convicções, digo que muito dificilmente faria um aborto. Não digo nunca. Sou pela vida, como qualquer Ser Humano sensato o é... mas pela vida com qualidade.
Não suporto a hipocrisia, custa-me aceitar os argumentos do Não como sinceros e válidos.
Sou pela liberdade total e absoluta.
O assunto satura, mas é obrigatório e eu não podia deixar de meter o Nariz no aborto!

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Fim de Tarde



Estava deitado na minha cama e passeava pela cidade. Comia algodão doce e ouvia as crianças a rir por entre as nuvens laranjas. De repente senti-me atraído por uma música lá ao longe, bem lá ao longe. Eram violinos melodiosos por vezes interrompidos por fortes teclas de piano. Saltei da cama e levitei até ao som que me levou a um grande lago celestial. Lá estava a banda, uma orquestra imensa. E no meio do lago quem é que eu vi? …ela! Ela a rodopiar ao som da música acompanhado de um homem qualquer que eu nunca vira.
Congelei à beira do lago e senti uma dor que não se explica. Como que uma punhal que se crava no peito acompanhado de uma angustiante e truculenta dor de barriga…que náusea!


“Amigo, ó amigo, a carreira já terminou, está a ouvir?”
Acordo repentinamente com os gritos do motorista e ainda atarantado tropeço para fora do autocarro. Antes de perceber onde estou penso novamente no sonho…

deixou-me desassossegado e inquieto…porquê?
Porquê não sei ainda.