i'm in love
Para quem não fica indiferente a uma boa fragrância!
...por um trecho...
entendi que tivéssemos podido fazer tanto em tão pouco tempo. Lembrava-me de estar empoleirado no escabelo da biblioteca e lembrava-me dela acordada com o seu vestidinho de flores recebendo os livros para os pôr a salvo. Via-a correr de um lado para outro da casa lutando com a tempestade, encharcada com a água pelos tornozelos. Lembrava-me como preparou no dia seguinte um pequeno-almoço que nunca existiu, e pôs a mesa enquanto eu secava o chão e punha ordem no naufrágio da casa. Nunca esqueci o seu olhar sombrio enquanto tomávamos o pequeno-almoço: Porque me conheceste tão velho? Respondi-lhe a verdade: A idade não é a que temos mas a que sentimos. Entrou em minha casa aos berros “Pega na mala! Anda! Pega na merda da mala!” e eu continuei devagar na minha ronha de domingo, o único movimento que fiz foi passar a mão na almofada e na boca para disfarçar o fio de baba que molhou as ditas e me fez perceber que afinal não era só ronha, tinha pegado no sono. Ela desapareceu dentro do quarto e eu deixei de a ver. Ouvia-a aos berros mas estavam abafados pelo corredor. “Deixa-a estar”, disse baixinho, e mudei 4 ou 5 vezes de canal e aí apercebi-me das horas. Dormi isto tudo?, pensei. Porra. Dormi mesmo…
E ainda lá estou.

