terça-feira, abril 29, 2008

mais um anjo no céu


Ô Vóvó...

A Diana me avisou na sexta que foste pro hospital. Que era quase inevitável, pra gente se preparar pro pior... mas a gente nunca acredita.

Hoje a Ângela me disse. Confirmou só, nem precisou terminar a frase. E aquele vazio que eu imaginei na sexta chegou hoje. Chegou devagar, aos poucos, acompanhando cada imagem tua. E, junto, aquela vontade de estar por perto nessa hora errada.

Quis estar do teu lado.

Porque estás sempre preocupada por que eu não como, quando nós todos nos deliciamos com cada bifinho cozinhado por ti.

Eu te vejo num jogo de cartas com a Ângela ainda pequena, na sala do apartamento do Parque das Palmeiras.

Entro agora em todas as missas a que fui contigo quando morámos em Fortaleza. Nunca vou lá pela missa mas porque tu gostas da missa do meu colégio, que é muito alegre e cheia de juventude.

E as tuas voltas pela rua do Comércio, com teus passos curtos e as tuas comprinhas, e como gostas disso tudo.

E quando contas uma piada, mas ris-te tanto que não a consegues terminar, nem eu consigo perceber nada... mas rio-me, e rio-me contigo, por que as tuas piadas são sempre assim e é assim que elas nos fazem rir.

E o Chico, avó, e o Chico?

Quem me dera lembrar de todas as histórias que me contas... como aquela, de quando eras pequena, em que os teus vizinhos da aldeia, alvoroçados, viram o carro que andava sem bois. Ou todas as outras do tempo de África... quem me dera.

E é sempre assim... tenho pena do tempo que não passei contigo e das cartas e postais que fiquei de te escrever. E peço desculpa por não termos ligado nos domingos à noite pra saber de ti, do avô e da tia. Qualquer desculpa é fraca, mas eu sei que não te zangas. Nunca te zangaste.

Me lembrei do teu último aniversário, em que te disse que dos 91 aos 100 era um instante... era o meu desejo, o meu pedido. A ti, ao teu Deus. Mas sei que nem tu querias tanto.

Algo em mim...



Não sei mas há algo...

Há algo em mim que não consegue
Algo em mim que inflama o que não arde
Que me persegue parado
Há algo em mim que fala calado

Há algo em mim que chora de orelha a orelha
Algo em mim parecido com o que nunca fui
Que cai em direcção ao céu
Há algo em mim encharcado do que ainda não choveu

Há algo em mim tão cheio do que não é
Algo em mim que aconteceu num futuro adiado
Que respira asfixiado
Há algo em mim que nasce depois de enterrado

Mas não sei o que é...

domingo, abril 27, 2008

If you don´t love it, shove it!


Sim, eu ás vezes gosto de ouvir Limp Bizkit e Off Spring!

Sim o primeiro CD que comprei foi o 2º Album dos Limp Bizkit "Significant Other", na Virgin Mega-Store, actual Loja do Cidadão, no Belo Edíficio Eden nos Restauradores. Na altura ter-me-á custado uns 4 contos, que poucos meses depois vendi por 2 contos a um amigo.

Caso não gostem, como diria o Fred Durst: "Peguem num ramo de oliveira, reguem-no em vinagre e sal grosso e SHOVE IT!!!"

sábado, abril 26, 2008

The Heart asks for the pleasure first... (Michael Nyman)


Tecla a tecla...

Se ganha...

Se recupera...

Se perde alguém...

segunda-feira, abril 21, 2008

X... ou A história de como eu morri para a Matemática...


Ora hoje fui a uma aula de estatistica... uma aula de Estatistica e Análise de Dados... exacto, é uma aula onde uma mulher com o salero de um aipo tenta explicar a jovens rapazes e raparigas, e eu(!), o que é a Estatística, para que serve, como ela nos serve, e onde analisamos dados... confesso que assim que me sento e tento dirigir a minha atenção para aquele aipo que me tenta ensinar Estatistica e Análise de Dados tem em mim inicio uma experiência bastante parecida com a do esquizofrénico Donnie Darko quando via aquele rasto liquidificado a contorcer-se pela casa, seguindo-se então a aparição de um coelho, que, ao contrário do perturbado Donnie, no meu caso, que sou um romantico, é um coelho fofo e felpudo que segura uma grande cenoura de borracha...

Ora, apesar de tanta distracção, consequi perceber que a aula de hoje versou sobre um ente, um ser, uma ideia, algo, com a designação de KMO... démos também o ACP (confesso que assim que ouvi ACP, acordei do estado catatónico em que submergi, apenas para dizer à minha colega "vamos falar do Automóvel Clube de Portugal"... não, não tinha graça... sim eu até sabia que não tinha, mas é daquelas coisas que se tem de dizer, quanto mais não seja porque a sigla é óbvia e porque nada mais havia para fazer... disparada na minha direcção saiu a mão exagonal da minha colega, pintada de vermelho com letras brancas que formavam a palavra "STOP"... na verdade ela não se aplicou sequer a mandar-me calar, foi mais um enxotar de mosca, um "deixa-te estar aí quieto que nem um dalmata de loiça"... mas enfim, ela até é querida e de Vila Franca de Xira, sendo que o namorado Emanuel que tem mais 10 anos que ela se espetou de mota e agora levou um parafuso no braço)...

Mas, regressando ao KMO e ao ACP, lembrei-me de quando me perdi para a Matemática... a altura em que me perdi para a Matemática tem uma razão específica e lembra-me um episódio em particular... a Matemática perdeu-me (ou jogou-me fora) por volta do 7º ano, quando começaram a surgir letras entre os números... recordo-me perfeitamente da primeira vez em que vi numa ardósia um X ser desenhado ao lado de um algarismo, e recordo-me que nesse mesmo instante, do meu cérebro ecoou um som de papel-bolha... tinha sido a parte de mim que até aí me aguentava na Matemática que tinha ido à vida... ouvi então uma voz interior que me disse "a partir de agora estás por tua conta miudo"... e assim foi... seguiu-se então o episódio de que me recordo...

Ora, eu tinha um amigo de infância, que era meu vizinho, que se chamava Hugo, que tinha aquela cor de sujo, e cujo maior feito do seu intelecto era conseguir roubar-me berlindes enfiando-os nas meias... era portanto um daqueles tipos cuja sabedoria não desafia sequer a de uma paramécia... na tarde em que a foice da morte me entregou a certidão de óbito da minha capacidade matemática, teve o Hugo por mensageiro... recordo-me como se tivesse há muitos anos atrás... estava eu em casa doente com gripe (sim, porque até aos seis anos temos varicela, sarampo, papeira e joelhos esfolados, e a partir dessa idade e até ao final da adolescência temos apenas gripe... após esse período começamos a ter doenças venéreas e lá para os 50 e tal temos então os vários cancros), quando o Hugo me bate à porta... adoentado, arrasto-me vestido de flanela e abro-lhe a porta... o Hugo estende-me então aquela que foi a minha primeira negativa do mundo, um 48% escrito a bic vermelha no canto superior esquerdo do teste... como cereja no topo do bolo mostra-me o seu 52%, faz uma cara de como quem olha para uma daquelas gordas tão gordas cujo nascimento se prolongou por 3 dias, e parte... aí morri para a Matemática... e nunca mais recuperei...

Diga-se que, da ultima vez que soube do Hugo, ele trabalhava numa fábrica de carnes congeladas a cerca de 1:30h de Londres, numa localidade qualquer com nome terminado em "field" ou "town", onde hoje faz uso do seu "52%" para contar tiras de bacon...

E pronto... 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 e c´est finni!

domingo, abril 20, 2008

A irresponsável leveza do ser...


(Blue Star, Juan Miró)


"Nunca vamos ter o amor a rir para nós
Quando queremos nós ter um sorriso maior."


(Casa(vem fazer de conta), Da Weasel)


"Mas o que acontecera ao certo a Sabina? Nada. Deixara um homem porque queria deixa-lo. Esse homem tinha vindo atrás dela? Tinha querido vingar-se? Não. O seu drama não era o drama do peso, mas o da leveza. O que se abatera sobre ela não era um fardo, mas a insustentável leveza do ser."

(A insustentável leveza do ser, Milan Kundera)

sábado, abril 19, 2008

Placebo... porque a musica também tem esse efeito...


EVERY ME AND EVERY YOU
(Placebo)

Sucker love is heaven sent.
You pucker up, our passion's spent.
My hearts a tart, your body's rent.
My body's broken, yours is bent.

Carve your name into my arm.
Instead of stressed, I lie here charmed.
Cuz there's nothing else to do,
Every me and every you.

Sucker love, a box I choose.
No other box I choose to use.
Another love I would abuse,
No circumstances could excuse.

In the shape of things to come.
Too much poison come undone.
Cuz there's nothing else to do,
Every me and every you.
Every me and every you,
Every Me...he

Sucker love is known to swing.
Prone to cling and waste these things.
Pucker up for heavens sake.
There's never been so much at stake.

I serve my head up on a plate.
It's only comfort, calling late.
Cuz there's nothing else to do,
Every me and every you.
Every me and every you,
Every Me...he

Every me and every you,
Every Me...he

Like the naked leads the blind.
I know I'm selfish, I'm unkind.
Sucker love I always find,
Someone to bruise and leave behind.

All alone in space and time.
There's nothing here but what here's mine.
Something borrowed, something blue.
Every me and every you.
Every me and every you,
Every Me...he

Every me and every you,
Every Me...he

terça-feira, abril 15, 2008

Benvindos ao mundo do "come-me á bruta!"...

Come-me á bruta!

Colheradas de mamas
Beijos socados
Dedos que rasgam e penetram
Nódoas negras de desejo

Vapores escaldantes do Inferno
Bafejados num pescoço nu
Chapadas em ondas de pele
Que pede para ser açoitada

Sumos e cheiros que escorrem
Pelos ensopados de luxuria
Ruidos de bestas que arfam
Rubores que queimam o toque

Genitais que se devoram
Que se esquecem mas comem
Violações à lá carte
Desconhecidos e saciados...

Conscientes...

Culpa...

Lágrimas...

Pára...

Ama-me á bruta...

domingo, abril 06, 2008

Fez-me sorrir...


Sei que já não é uma novidade mas fuck it, apenas o vi outro dia... e é tão bom quanto a marrada do Miccoli contra o Lille aos 90´!!!

Sobreaquecimento no lobo frontal...

Por vezes é preciso deixar silenciar o ruido para se poder conversar...