segunda-feira, abril 21, 2008

X... ou A história de como eu morri para a Matemática...


Ora hoje fui a uma aula de estatistica... uma aula de Estatistica e Análise de Dados... exacto, é uma aula onde uma mulher com o salero de um aipo tenta explicar a jovens rapazes e raparigas, e eu(!), o que é a Estatística, para que serve, como ela nos serve, e onde analisamos dados... confesso que assim que me sento e tento dirigir a minha atenção para aquele aipo que me tenta ensinar Estatistica e Análise de Dados tem em mim inicio uma experiência bastante parecida com a do esquizofrénico Donnie Darko quando via aquele rasto liquidificado a contorcer-se pela casa, seguindo-se então a aparição de um coelho, que, ao contrário do perturbado Donnie, no meu caso, que sou um romantico, é um coelho fofo e felpudo que segura uma grande cenoura de borracha...

Ora, apesar de tanta distracção, consequi perceber que a aula de hoje versou sobre um ente, um ser, uma ideia, algo, com a designação de KMO... démos também o ACP (confesso que assim que ouvi ACP, acordei do estado catatónico em que submergi, apenas para dizer à minha colega "vamos falar do Automóvel Clube de Portugal"... não, não tinha graça... sim eu até sabia que não tinha, mas é daquelas coisas que se tem de dizer, quanto mais não seja porque a sigla é óbvia e porque nada mais havia para fazer... disparada na minha direcção saiu a mão exagonal da minha colega, pintada de vermelho com letras brancas que formavam a palavra "STOP"... na verdade ela não se aplicou sequer a mandar-me calar, foi mais um enxotar de mosca, um "deixa-te estar aí quieto que nem um dalmata de loiça"... mas enfim, ela até é querida e de Vila Franca de Xira, sendo que o namorado Emanuel que tem mais 10 anos que ela se espetou de mota e agora levou um parafuso no braço)...

Mas, regressando ao KMO e ao ACP, lembrei-me de quando me perdi para a Matemática... a altura em que me perdi para a Matemática tem uma razão específica e lembra-me um episódio em particular... a Matemática perdeu-me (ou jogou-me fora) por volta do 7º ano, quando começaram a surgir letras entre os números... recordo-me perfeitamente da primeira vez em que vi numa ardósia um X ser desenhado ao lado de um algarismo, e recordo-me que nesse mesmo instante, do meu cérebro ecoou um som de papel-bolha... tinha sido a parte de mim que até aí me aguentava na Matemática que tinha ido à vida... ouvi então uma voz interior que me disse "a partir de agora estás por tua conta miudo"... e assim foi... seguiu-se então o episódio de que me recordo...

Ora, eu tinha um amigo de infância, que era meu vizinho, que se chamava Hugo, que tinha aquela cor de sujo, e cujo maior feito do seu intelecto era conseguir roubar-me berlindes enfiando-os nas meias... era portanto um daqueles tipos cuja sabedoria não desafia sequer a de uma paramécia... na tarde em que a foice da morte me entregou a certidão de óbito da minha capacidade matemática, teve o Hugo por mensageiro... recordo-me como se tivesse há muitos anos atrás... estava eu em casa doente com gripe (sim, porque até aos seis anos temos varicela, sarampo, papeira e joelhos esfolados, e a partir dessa idade e até ao final da adolescência temos apenas gripe... após esse período começamos a ter doenças venéreas e lá para os 50 e tal temos então os vários cancros), quando o Hugo me bate à porta... adoentado, arrasto-me vestido de flanela e abro-lhe a porta... o Hugo estende-me então aquela que foi a minha primeira negativa do mundo, um 48% escrito a bic vermelha no canto superior esquerdo do teste... como cereja no topo do bolo mostra-me o seu 52%, faz uma cara de como quem olha para uma daquelas gordas tão gordas cujo nascimento se prolongou por 3 dias, e parte... aí morri para a Matemática... e nunca mais recuperei...

Diga-se que, da ultima vez que soube do Hugo, ele trabalhava numa fábrica de carnes congeladas a cerca de 1:30h de Londres, numa localidade qualquer com nome terminado em "field" ou "town", onde hoje faz uso do seu "52%" para contar tiras de bacon...

E pronto... 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 e c´est finni!

1 Comments:

At 10:14 PM, Anonymous Anônimo said...

Não suporto matemática...por algum motivo deve ser...talvez dai o facto de também não suportar viver de acordo com regras pre- estabelecidas...

Matematica=regras=boring

 

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